A individualização de água em condomínios provoca discussões
A conta de água tem dado muita briga nas reuniões de condomínio. A instalação de medidores individuais garante a diminuição do desperdício. Mas o custo, muitas vezes, assusta até quem defende a medida.
A instalação dos medidores tem um efeito imediato nas contas do condomínio: o valor do condomínio cai e a inadimplência também.
Pelo computador, o síndico Donato Locaspi acompanha todo o consumo de água de 78 apartamentos. No fim do mês, a conta única que vem da Sabesp, a companhia de água de São Paulo, será dividida entre os moradores, de acordo com o que cada um gastou. Há quase um mês, os medidores individuais foram instalados no condomínio. Cada aparelho custou R$ 540.
“Não vou dizer que o pessoal pagou os R$ 540 sorrindo”, admite o síndico Donato Locaspi.
Para pagar o investimento, os moradores já estão economizando.
“Acho que vai ser diluído com o tempo. Se nós conseguirmos economizar mais por apartamento, eu acho que esse valor se dilui, não acho que seja prejuízo”, comenta a diretora de escola Valquíria Pereira.
Dependendo do prédio, o custo da instalação do equipamento pode variar muito. Condomínios antigos, que não previam a medição individual, podem precisar de até cinco hidrômetros por apartamento.
A diferença é que, enquanto nos prédios novos há uma saída de água para cada apartamento, nos mais antigos, as saídas foram segmentadas, divididas por setores, o que obriga colocar vários hidrômetros.
“Na verdade, você precisa quebrar toda a estrutura do apartamento para que você consiga adequar as tubulações de água e fazer as medições”, comenta o engenheiro Edson Feitosa.
Um total de quatro mil moradores em 720 apartamentos – segundo a síndica Silvia Gorgulho, hidrômetros individuais ajudariam a acabar com a inadimplência no condomínio.
“As pessoas que pagam direitinho estão pagando por eles. Eu acho que isso é injusto”, lembra a síndica Silvia Gorgulho.
Mas o custo dos equipamentos assusta os moradores. O engenheiro agrônomo Marcos Loffes mora sozinho. Consome pouco. Mesmo assim, não acha que o hidrômetro individual seja um bom negócio.
“Teria que fazer duas reformas e o custo da reforma, acredito, não compensaria pagar essa diferença”, diz o engenheiro agrônomo Marcos Loffes.
No Recife, desde 2002 a cobrança separada por apartamento é lei para os novos condomínios. Depois que começou a valer, já nas primeiras contas, a inadimplência nesses prédios caiu 80%.
A Sabesp, empresa que distribui a água em São Paulo, anunciou que ainda este ano vai começar a cobrar a água individualmente nos prédios onde já estão instalados os novos hidrômetros. E passou a capacitar as empresas que fazem as instalações. Além de ajudar os moradores a reduzir custos, a companhia quer incentivar o uso racional da água.
“Estamos incentivando algo essencial: não haver desperdício de água, em banhos longos, lavagem de calçada, torneira aberta, válvula sanitária que vaza. Isso na verdade é um crime”, afirma o presidente da Sabesp Gesner de Oliveira.
A instalação do hidrômetro individualizado custa caro. Mas, no longo prazo pode valer a pena. Além da economia no consumo de água, essa instalação valoriza o imóvel em uma futura venda.
Fonte: Bom Dia Brasil