A falta de uma cobrança eficiente e rápida pode elevar os valores em até 20%
Aumentar o valor do condomínio está longe de ser a medida preferida do síndico Moacyr Nunes de Miranda, de 62 anos. Mas ela vem sendo tomada com freqüência cada vez maior no Residencial Debret, em Moema, zona sul. Isso porque, no prédio, 11 dos 48 apartamentos estão com a taxa mensal atrasada, e a dívida total chega a R$ 180 mil.
“Infelizmente, quando um não paga, são os outros que têm de pagar”, afirma Miranda. Ele acredita que o valor do condomínio, atualmente em R$ 550 em média, poderia ser reduzido em até 20%, se todos estivessem em dia com suas contas. Além disso, o prédio poderia ser reformado e poderia ser construído um playground, plano antigo dos moradores.
A dívida mais longa é de uma moradora que pagou pela última vez a mensalidade em agosto de 1998. Sem as taxas do processo que corre na Justiça, ela deve R$ 58 mil ao condomínio. O maior débito, no entanto, é de outro morador, que deve desde setembro de 2000. Como seu apartamento é maior, ele paga uma taxa de condomínio mais elevada, e sua dívida está perto de R$ 100 mil. Um apartamento nesse edifício é avaliado em R$ 240 mil.
Miranda já havia sido síndico do residencial Debret há cinco anos e deixou o cargo justamente por conta das brigas com os devedores. Na época, ele conta que não havia tantas medidas a serem tomadas contra os inadimplentes, e a cobrança tinha de ser direta, batendo na porta dos moradores.
Quando reassumiu, em maio de 2007, o edifício já havia contratado uma administradora de condomínios, o que tornou o trabalho mais impessoal. Ele diz que os devedores continuam driblando como pelés as cobranças, mas agora não é ele quem os persegue. Ele simplesmente dá o aval para a administradora iniciar uma ação na Justiça contra os inadimplentes.
Se a nova legislação for sancionada pelo governador, o síndico diz que será um pouco tolerante e não irá protestar as dívidas nos primeiros meses. “Um, dois, até três meses eu seguro, porque entendo a situação de quem está em dificuldade. Mas mais do que isso é falta de respeito com os outros moradores”, diz.
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